
No regresso ao passado com olhar para o futuro, o F.C. Porto deixou uma certeza animadora: mantém aquele velho hábito de ir crescendo no jogo. Como fez tantas vezes nos jogos em casa da última época marcou cedo, escondeu-se atrás da bola e regressou na segunda parte a tempo de engordar o resultado.
Mudou pouco, portanto, no campeão. Um bocadinho por isso faltou aquele sentido de originalidade que costuma tornar os jogos de apresentação suculentos e auspiciosos. Não houve muito disso. O encontro trouxe mais do mesmo, para além do regresso a casa: as mesmas caras e o mesmo futebol.
Os maiores aplausos foram por isso para o pouco que havia de novo: Kléber. Entrou na equipa e é como se já lá andasse há anos. Mas não anda. Os adeptos não o esqueceram um instante e fartaram-se de aplaudir as boas iniciativas do brasileiro. Tiveram aliás vários motivos para aplaudir.
Kléber ameaça tornar-se na melhor notícia deste arranque portista: é lutador, esforçado e personalizado. Impõe-se na área, tem remate espontâneo e sabe sair da zona de finalização para entrar na construção de jogo. Provocou o autogolo inicial, atirou ao poste e deu muito trabalho aos duros uruguaios.
Participou enfim em praticamente tudo o que o F.C. Porto fez de melhor na primeira parte perante um adversário que pareceu sempre preferir estar em casa a acompanhar a final da Copa América.
Na segunda parte, aí sim, foi melhor. Também aí sim, a festa ficou mais bonita. Afinal o Peñarol é um adversário de boa memória, foi ele que participou da conquista da primeira Intercontinental, em 87 (também por isso foi convidado), e nem sequer se esforçou muito para contrariar o favoritismo azul.
Mais rápidos sobre a bola, com trocas de bolas criativas, futebol apoiado e capacidade de entrar pelas alas, o F.C. Porto cresceu bastante na segunda metade. No fundo fez tudo aquilo que se reconhece ser a imagem de marca herdada da última época, mas com maior dinâmica, alegria e intensidade.
Mais F.C. Porto e mais... Kelvin!
Curiosamente Vítor Pereira mudou tudo partir da hora de jogo, mas a equipa não caiu com as alterações. Pelo meio surgiu Kelvin para animar os adeptos. O miúdo jogou pela primeira vez no Dragão, teve pouco mais de dez minutos para se mostrar, mas fê-lo em grande estilo: nó cego e assistência para Walter.
O brasileiro fez o terceiro golo, já depois de Hulk ter marcado o segundo de penalty. Os adeptos saíram de sorriso nos lábios, confiantes que pouco mudou e que o futuro pode ser risonho. Até porque faltaram oito atletas: entre eles Falcao, claro. Kleber quase o fazia esquecer e esse é o maior elogio da noite.
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